Entre flores e canhões: sobre o Dia Internacional da Mulher

Por APCEF/MG
Institucional
8 de março de 2018

Para muitos, o 8 de março é apenas um dia sobre flores e homenagens às mulheres. Mas, diferente de diversas outras datas comemorativas, esta não foi criada pelo comércio.

Se fosse possível fazer uma linha do tempo dos primeiros “dias das mulheres” que surgiram no mundo, ela começaria possivelmente com a grande passeata das mulheres em 26 de fevereiro de 1909, em Nova York. Naquele dia, cerca de 15 mil mulheres marcharam nas ruas da cidade por melhores condições de trabalho. Elas protestavam, principalmente, pela igualdade de condições de trabalho com os homens – por mais que as condições de trabalho deles também fossem horríveis, a das mulheres era muito pior.

08_03_dia_internacional_da_mulherManifestações pelos direitos das mulheres

Ali teria sido celebrado pela primeira vez o “Dia Nacional da Mulher”. Mas não era uma questão de data ou tema específico. As condições de vida das mulheres, no mundo inteiro, eram muito piores que as dos homens: o direito ao voto era negado, as jornadas de trabalho eram ainda mais exaustivas, os salários eram mais baixos, a mulher não podia pedir divórcio e muitos outros direitos básicos eram negados – e o mais impressionante é que, mesmo após tantos anos, muitas dessas coisas não mudaram.

Manifestações pela igualdade de direitos e de condições de trabalho surgiram no mundo inteiro, mas duas delas têm um grande valor simbólico para a oficialização do Dia da Mulher: a primeira é o incêndio ocorrido em 25 de março de 1911 na Companhia de Blusas Triangle, quando 146 trabalhadores morreram, sendo 125 mulheres e 21 homens (a maioria judeus). Não há registros que provem que o incêndio foi provocado pelos próprios empregadores ou por movimentos de homens contrários aos direitos das mulheres, como muitos afirmam, mas o fato é que o episódio no mínimo escancara as péssimas condições de segurança e trabalho a que estavam submetidas essas mulheres.

3a26270v-resized-600Associação masculina em oposição ao sufrágio feminino nos EUA

A segunda talvez seja um marco ainda mais forte daquele que viria a ser o 8 de março. Neste dia, em 1971, um grupo de operárias saiu às ruas para se manifestar contra a fome e a Primeira Guerra Mundial, movimento que seria o pontapé inicial da Revolução Russa. O protesto aconteceu em 23 de fevereiro pelo antigo calendário russo – 8 de março no calendário gregoriano, que os soviéticos adotariam em 1918 e é utilizado pela maioria dos países do mundo hoje. Após a revolução, a data foi oficializada entre os soviéticos como celebração da “mulher heroica e trabalhadora” e, em 1975, oficializada mundialmente pela Organização das Nações Unidas como o Dia Internacional da Mulher.

Esse dia tem uma importância histórica porque levantou um problema que ainda não foi resolvido. A desigualdade de gênero permanece até hoje. As condições de trabalho, os salários e as chances de ascensão ainda são piores para as mulheres. O 08 de março é um dia de luta, dia para lembrarmos que ainda há muitos problemas a serem resolvidos, como os da violência contra a mulher, do feminicídio, da violência doméstica e da própria diferença no trabalho. Não que parabéns e flores não sejam bem-vindos, mas o dia também fala sobre os muitos canhões que já enfrentamos e ainda temos que enfrentar, e não se pode reduzir uma data tão simbólica apenas a gestos de gentileza e carinho.

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